Ontem à noite, ou melhor esta madrugada, em Barcelona
A Casa da Mariquinhas
original de Alfredo Marceneiro, ontem por Camané
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
E janelas com tabuinhas
Tem na sala uma guitarra
E janelas com tabuinhas
Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
De vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra
Para se tornar notada
Usa coisas esquisitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada.
Pretendida, desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da mariquinhas
Por verem cheia de gente
A casa da mariquinhas
É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
No fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
E em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra
E em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra
P'ra guardar o parco espólio
Um cofre forte comprou
E como o gás acabou
Ilumina-se a petróleo.
Limpa as mobílias com óleo
De amêndoa doce, e mesquinhas
Pasmam defronte as vizinhas
P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça
Janelas com tabuinhas
Mas ela tem por pirraça
Janelas com tabuinhas
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