30 novembro, 2006
No dia que foi, há 71 anos, o último da sua vida
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Alberto Caeiro
28 novembro, 2006
Parece que estou a ouvir #8
El dia que me quieras
Acaricia mi ensueño
el suave murmullo de tu suspirar.
Como rie la vida
si tus ojos negros me quieren mirar.
Y si es mio el amparo
de tu risa leve
que es como un cantar,
ella aquieta mi herida,
todo todo se olvida.
El día que me quieras
la rosa que engalana,
se vestirá de fiesta
con su mejor color.
Y al viento las campanas
dirán que ya eres mía,
y locas las fontanas
se contaran su amor.
La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hara nido en tu pelo,
luciernaga curiosa que veras
que eres mi consuelo.
El día que me quieras
no habra más que armonía.
Será clara la aurora
y alegre el manantial.
Traerá quieta la brisa
rumor de melodía.
Y nos daran las fuentes
su canto de cristal.
El día que me quieras
endulzara sus cuerdas
el pajaro cantor.
Florecerá la vida
no existira el dolor
Alfredo Lepera
De corar de vergonha
Alguém, que não foi até à data dado como incapaz ou inimputável, confessa ter feito em 1980 um engenho explosivo;
Diz que esse engenho se destinava a “pregar um susto” ao candidato presidencial da altura – General Soares Carneiro;
Diz que o dito engenho foi alterado e, afinal, na noite de 4 de Dezembro de 1980 explode o cessna onde o susto era suposto ter lugar.
Mas está tudo doido?!
Confesso que me faltam as palavras para tamanha estupefacção.
A revista sai amanhã, de facto. O “entrevistado” foi hoje ouvido no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, ao que parece, no âmbito de um processo distinto de todos os factos que descreve na entrevista.
Isto é, ou não é, uma confissão de um crime? Não há pelo menos indícios??! Espero pelas diligências do Ministério Público.
27 novembro, 2006
Num país a fingir # 10
O ensino superior é notícia em horário nobre. Até aqui nada de especial.
Mas o espanto vem de imediato: três institutos superiores públicos não tem dinheiro para pagar o subsídio de natal aos seus funcionários. São disso exemplo: o Instituto Superior de Economia e Gestão, o Instituto Superior Técnico e o Instituto Superior de Agronomia.
No Times de hoje #16
Não se trata apenas de gente que sempre se dedicou ao estudo dos mercados financeiros, como os gestores... o artigo fala especificamente de um médico que durante 10 anos se dedicou à profissão e à investigação e que há 10 anos começou a trabalhar como consultor de investimentos na área da medicina. De um salário anual que rondava os $150,000 em 1996 passou para uma verba que deverá ultrapassar os $20 milhões em 2006. Não admira que haja tanta gente a saltar da academia para a consultoria.
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"A decade into the practice of medicine, still striving to become “a well regarded physician-scientist,” Robert H. Glassman concluded that he was not making enough money. So he answered an ad in the New England Journal of Medicine from a business consulting firm hiring doctors.
And today, after moving on to Wall Street as an adviser on medical investments, he is a multimillionaire.
(...)
'There were doctors at the reunion — very, very smart people,' Dr. Glassman recalled in a recent interview. 'They went to the top programs, they remained true to their ethics and really had very pure goals. And then they went to the 20th-year reunion and saw that somebody else who was 10 times less smart was making much more money.'
(...)
Something similar is happening in academia, where newly minted Ph.D.’s migrate from teaching or research to more lucrative fields. Similarly, many business school graduates shun careers as experts in, say, manufacturing or consumer products for much higher pay on Wall Street.
(...)
Indeed, doctors have become so interested in the business side of medicine that more than 40 medical schools have added, over the last 20 years, an optional fifth year of schooling for those who want to earn an M.B.A. degree as well as an M.D. Some go directly to Wall Street or into health care management without ever practicing medicine."
26 novembro, 2006
No dia em que ficámos sem ele
A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crianças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como refelectidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega. Às
vezes um galo canta. Às vezes um
avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
25 novembro, 2006
Parece que estou a ouvir #7
Tive-lhe amor, gemi de dor, de dor violenta
Chorei sofri, e até por si, fui ciumenta
Mas todo o mal, tem um final, passa depressa
E hoje você, não sei porquê, já não me interessa
Bendita a hora, que o esqueci, por ser ingrato
E deitei fora, as cinzas do seu retrato
Desde esse dia, sou feliz sinceramente
Tenho alegria, p'ra cantar e andar contente
Só à noitinha, quando me chega a saudade
Choro sózinha, p'ra chorar mais à vontade
Outra paixão no coração, sei que já sente;
Uma qualquer, que foi mulher, de toda gente,
Assim o quis, seja feliz como merece,
Porque o rancor, como o amor, também se esquece!
Frederico Valério
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23 novembro, 2006
22 novembro, 2006
21 novembro, 2006
Palavras lidas # 18
A Janela
Uma das janelas de Calvino, a com melhor vista para a rua, era tapada por duas cortinas que, no meio, quando se juntavam, podiam ser abotoadas. Uma das cortinas, a do lado direito, tinha botões e a outra, as respectivas casas.
Calvino, para espreitar por essa janela, tinha primeiro de desabotoar os sete botões, um a um. Depois sim, afastava com as mãos as cortinas e podia olhar, observar o mundo. No fim, depois de ver, puxava as cortinas para a frente da janela, e fechava cada um dos botões. Era uma janela de abotoar.
Quando de manhã abria a janela, desabotoando, com lentidão, os botões, sentia nos gestos a intensidade erótica de quem despe, com delicadeza, mas também com ansiedade, a camisa da amada.
Olhava depois da janela de uma outra forma. Como se o mundo não fosse uma coisa disponível a qualquer momento, mas sim algo que exigia dele, e dos seus dedos, um conjunto de gestos minuciosos.
Daquela janela o mundo não era igual.
Gonçalo M. Tavares, in O Senhor Calvino, Caminho, 2005
Espantos #6
20 novembro, 2006
Numa sala perto de mim # 17
Volver é uma história onde se mistura o amor e a mentira, a persistência e a resignação tudo isto numa família de mulheres, onde as mulheres são caracterizadas em três gerações. Apesar da seriedade do argumento, tem cenas hilariantes e, para não variar, Almodovar não desilude apesar de o primeiro impacto não ser o melhor!
Food to life
Or as sweet-season'd showers are to the ground;
And for the peace of you I hold such strife
As 'twixt a miser and his wealth is found;
Now proud as an enjoyer and anon
Doubting the filching age will steal his treasure,
Now counting best to be with you alone,
Then better'd that the world may see my pleasure;
Sometime all full with feasting on your sight
And by and by clean starved for a look;
Possessing or pursuing no delight,
Save what is had or must from you be took.
Thus do I pine and surfeit day by day,
Or gluttoning on all, or all away.
William Shakespeare, Sonnet LXXV
19 novembro, 2006
Parece que estou a ouvir # 6
Smile though your heart is aching
Smile even though its breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
Youll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
Thats the time you must keep on trying
Smile, whats the use of crying?
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile
Thats the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile
(Por Nat King Cole)
Espantos #5
18 novembro, 2006
Cada um tem o que merece
"Sobre a questão do tipo de líderes que temos, é muitas vezes difícil dizer se são as circunstâncias que criam os líderes ou se são os líderes que ficam à espera de explorarem uma determinada situação para demonstarem a sua grandeza. Cada país parece ter os líderes que merece. Quando olhamos para trás, falamos de gigantes e de grandes líderes, mas eram também tempos de considerável confusão. Espero que os nossos tempos também venham a produzir alguns desses grandes líderes."
Kofi Annan, hoje, em entrevista ao Expresso
Espantos #4
17 novembro, 2006
Só a rajada de vento
No Times de hoje #15
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"'Most economics departments are like country clubs,' said James J. Heckman, a Chicago faculty member and Nobel laureate. “But at Chicago you are only as good as your last paper.'"
"Someone walked into our lunchroom yesterday at the University of Chicago and announced that Milton Friedman had died. Mr. Friedman spent his intellectual life here, so I started asking people here about him and what they remembered. It became clear that despite retiring almost 30 years ago (and despite being only 5-foot-3), he still casts a long shadow."
"Mr. Friedman loved to argue. They say he was the greatest debater in all of economics. As improbable as it sounds, given Mr. Friedman’s small frame and thick glasses, few who saw him would deny that he had an astounding amount of charisma. It probably explains why he was so successful on television. While being an academic powerhouse, he really could explain things clearly."
"Chicago remains a place with an intensity without precedent in the world of economics, where we seem to eat, drink and breathe economics*, and Mr. Friedman’s personality has much to do with that. He always wanted to engage in a debate on something (or, according to his detractors, to make a pronouncement about something)."
"Mr. Friedman’s legacy might mean laissez-faire politics to the outside world, but to economists — and especially Chicago economists — it is more about trying to understand how the world works and engaging in a debate about it."
"When we heard the news at the University of Chicago that he had died, we actually stopped arguing and were quiet for a moment. It was a most extraordinary event for Chicago economists. Each of us seemed to contemplate Mr. Friedman’s legacy for ourselves. After that bit of calm, the argument resumed. It was, perhaps, just what the old man would have wanted."
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* Once I heard from a visiting professor in Chicago (PhD from Chicago as well) that he would miss Chicago when his visiting professor term would come to an end... "elsewhere, people talk about the weather at luch!"
16 novembro, 2006
15 novembro, 2006
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
Tem a palavra o Sr. Presidente
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
A pergunta passou, rés vés ... não em Campo de Orique, mas no Ratton.
14 novembro, 2006
13 novembro, 2006
Quase Elegia
Ainda terás nome?
Esse que te dei, chama
ou asa, ainda te pertence?
Se tens ainda nome
por que não respondes?, por que não
te aproximas para respirar
comigo o mesmo sol, o mesmo riso?
Também a transparência,
claro rumor de tílias, morre
quando se morre?,
ou só morre a espessura dos dias,
o peso do ar?
Com as mãos, com os olhos, seja
com o que for, dentes ou sílabas,
escavarei o chão até romper
a água - para sempre acesa.
Eugénio de Andrade
(in Os lugares do lume)
Parece que estou a ouvir #5
by Bob Dylan
Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say, "Beware doll, you're bound to fall"
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.
How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
You never turned around to see the frowns on the
jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring,
you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
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E não parece... ouvi mesmo! Esta noite, Bob Dylan em concerto na Agganis Arena.
11 novembro, 2006
O teu riso
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
10 novembro, 2006
No Times de hoje #14
"She reclines on her side, naked, back turned, glancing into a mirror. Pearly flesh sinks luxuriantly into a gray satin bedsheet; it had been a deep mauve, before the color faded, which accounts for the pinkish reflections still cast on her inner thigh, ankle and buttock.
Her expression is ambiguous, the features half cast in shadow, catching our eye but blurred by a dim light, by the old mirror and by all the soft, veiled edges in the picture. It’s the stripper principle: show less, leave more to the imagination. There isn’t a sexier image in art. Perfect beauty, Velázquez implies, eludes strict definition."
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Note: mauve (French form of Malva, "mallow") is a pale grayed pink-lilac color, one of many in the range of purples.
09 novembro, 2006
No Times de hoje #13
Vem tudo hoje no New York Times.
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"When “Portrait of Adele Bloch-Bauer II,” a 1912 portrait of Mrs. Bloch-Bauer in fashionable street clothes and a wide-brimmed hat, came up for sale, four telephone bidders tenaciously went for the painting, which was expected to sell for $40 million to $60 million. Mr. Burge carefully proceeded in $500,000 increments. When the price rose to $74 million and the competition was down to two bidders, Guy Bennett, head of Christie’s Impressionist and modern art department in New York, dramatically raised his hand and began bidding aggressively for an anonymous client on the telephone. Mr. Bennett’s buyer won, paying $87.9 million, a record for the artist. The salesroom burst into applause.
(...)
The three other Klimts, all landscapes, also brought strong prices. Five bidders went for “Birch Forest” (1903), one of the artist’s few woodland scenes, depicting an autumn scene of fallen leaves. Another telephone bidder finally paid $40.3 million, well above its high estimate of $30 million. “Houses at Unterach on the Attersee” (1916), a view of a resort town in the Austrian countryside that was estimated at $18 million to $25 million, sold for $31 million to an unidentified couple sitting in the front of the salesroom. Another telephone duel was waged for “Apple Tree I” (1912), a richly colored canvas that sold for $33 million, far above its estimate of $15 million to $25 million.
(Final prices include Christie’s commission: 20 percent of the first $100,000 and 12 percent of the rest. Estimates do not reflect the commissions.)"
08 novembro, 2006
Soneto do cativo
Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;
o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;
se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;
não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!
David Mourão-Ferreira
No Times de hoje #12
Vêm-me à cabeça os klimts, o pollock e ainda uma frase do filme The Inside Man (O Infiltrado) "When there's blood on the streets, buy a property" (quoting Rothschild).
The price (the difference between the money Sotheby's made last night and what it would have made if there was a war in NYC) of not having blood on the streets is quite high, but it's surely worth it... how beautiful it is to see the price of art skyrocket!!
07 novembro, 2006
06 novembro, 2006
05 novembro, 2006
Cores de Outono # 5
04 novembro, 2006
Sono
Disse-me o nome nos olhos fechados, leu
a palavra nos lábios que a não
disseram, abriu a mão que procurava
no labirinto dos lençóis.
Ficou o nome no mármore da tarde,
ficou a palavra na concha dos ouvidos,
ficou a mão que a sua mão encontrou
num ramo solto da memória.
E ao dizer o seu nome abro
os olhos que a acordaram do sono,
roubo-lhe dos lábios a palavra
que não disse, aponto-lhe com a mão
a saída do labirinto, corto com a manhã
o ramo em que a noite floriu.
Nuno Júdice, Aqui
Foi neste dia # 53 (1995)
A sua morte inesperada foi um choque para Israel e para o mundo. A imprensa viria a realçadar as suas últimas palavras (cantadas) da letra da canção Shir Lashalom (tradução literal "Canção para a Paz"). Como a não sabia de cor, lia de um papel que guardou no bolso pouco antes de sair do palco para o parque de estacionamento onde foi abatido. A foto do papel manchado de sangue é ainda hoje a imagem que ficou do brutal assasinio.
03 novembro, 2006
Ainda a propósito dos klimts
02 novembro, 2006
Coisas que não mudam # 5
Embora não concorde, via de regra, com os actos referendários não me encontro num dilema a ser dirimido no primeiro trimestre do ano que vem ...
Mas comecemos pelo início: os Governos em países democráticos como o nosso nascem de eleições livres. Os cidadãos, tendo adquirido já há uns anos, não muitos é certo, o direito de voto universal devem exercê-lo em consciência e com pleno esclarecimento dos programas eleitorais que lhe são submetidos!! Sendo um programa sufragado por uma maioria da população (deixemos de lado a maioria que nos últimos anos tem ficado em casa ou vai à praia), a tomada de posse do Governo é o primeiro dia de governação!! Ah pois... então não foi para isso que se submeteram a sufrágio?!
Vamos lá ver: o referendo não é um acto de”democraticidade” reforçado. O referendo é deixar na mão dos eleitores a possibilidade de legislar!! Quando isso acontece a emoção muitas vezes sobrepõe-se à razão e quando a falta de debate sério e esclarecedor domina a comunicação social em horário nobre, temos o cenário perfeito: metade da população que diz votar "sim" por causa "do direito à barriga" e a outra metade que diz votar "não" para que se não matem inocentes!!
Não estou perante um dilema, mas acredito que quem está não tenha tarefa fácil pela frente...lembro-me bem, foi assim há oito anos.
01 novembro, 2006
No Times de hoje #11
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Mães no mercado de trabalho que aproveitam as viagens de negócios como mini-férias da vida de todos os dias. Não é o resultado que me surpreende, mas a perspectiva :-) fica a breve citação: "'I can go home and deal with two screaming 6-year-old twins and a grumpy preteen,' she said. 'Or I can go to the Four Seasons in Mexico City and drink Cognac in the bathtub.'"
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Por último a notícia de um óbito – Pieter Willem Botha, ex-Primeiro Ministro de África do Sul e acérrimo defensor do Apartheid. Ora aí está um exemplo de alguém que nunca pagou por aquilo que conscientemente fez. Em 1998 foi julgado à revelia (porque se recusou a comparecer em tribunal) mas a sentença veio a ser revogada. Provavelmente argumentaram que estava velho, caduco... talvez senil.