30 junho, 2007

Palavras lidas # 23


"(...)
O ofício de carregador é aliás o mais comum entre os chamados escravos-de-ganho. São estes que carregam as cadeirinhas, as mercadorias, a pedra para as construções. Enfim, do norte ao sul, ou, como aqui se diz, do Oiapoque ao Chui, os negros carregam o Brasil. Nas cidades nada se move sem eles, nada se faz ou constrói, e nos campos coisa alguma se cultiva sem a sua força. Vi, inclusive, um jovem cavalheiro atravessar a rua para comprar um repolho no mercado em frente, e voltar depois, muito esticado, muito digno, seguido de um enorme negro com o seu cesto de verga à cabeça, e dentro dele... o repolho!

Muitos escravos-de-ganho conseguem ao fim de vinte ou vinte e cinco anos comprar a respectiva carta de alforria. Uma vez livres carregam mercadorias outro tanto tempo, noite e dia, até poderem finalmente adquirir um escravo que trabalhe por eles.
(...)"

Nação Crioula, José Eduardo Agualusa, Dom Quixote, 5.ª Edição, pág. 88 e 89

Foi neste dia # 70 (1908)

Faz hoje 99 anos que se deu a grande explosão de Tunguska, na Sibéria, resultante da passagem de um cometa ou meteorito a cerca de 5-10 kms da superficie terrestre pelas 7.15 da manhã. A energia libertada neste evento foi de 10-20 mega-toneladas de TNT, sou seja 1,000 vezes superior à bomba atómica lançada em Hiroshima. A área de "impacto" de 2,150 km2 é ainda hoje visivel em imagens de satélite (a foto acima foi tirada em 1927). Estima-se que tenha causado um sismo de intensidade equivalente a 5.0 na escala de Richter.

Conscientes da nossa infima dimensão?

28 junho, 2007

No Times de hoje # 37

Em quantas partes se divide um iPod? A resposta é 451. E quem é que as produz? Uma pista: não é a Apple!

O
artigo do professor Hal Varian (ahh livros de principios de Micro e Micro intermedia...) no New York Times de hoje, fala de um estudo de investigadores da Universidade da California em Irvine, que pretende determinar o valor criado por um iPod de 30GB com o preço de $299, não só para as várias companhias que participam na cadeia de produção, como também para os países que o produzem (por exemplo, a Toshiba japonesa produz o disco rigido do iPod nas Filipinas). Os resultados não são triviais.

27 junho, 2007

Retirado do contexto # 9


Diz que para si todo o tempo conta. Tem medo da ideia da morte?

Não, não é isso. É tão bom viver. Quanto menos sentirmos o corpo, melhor. Estou a falar consigo, dói-me ao corpo, dói-me as mãos, procuro na cadeira o jeito para poder gozar a vida, porque a vida é uma coisa preciosa. Esta sensação de tempo não tem nada a ver com receio.

(Júlio Resende hoje, em entrevista ao DN)

26 junho, 2007

Numa sala perto de mim # 31

Shrek III... uma animação que parece real. Personagem favorita: a bela adormecida sempre a cair de sono!!

25 junho, 2007

A não perder, numa ída ao CCB

A Colecção Berardo, hoje inaugurada.

Na foto: António Cerveira Pinto, Pintura Repetitiva (Dez Quadros para o Ano 2000)

24 junho, 2007

No Times de hoje # 36

Vem hoje no New York Times um artigo sobre emigração, o primeiro de uma série* de artigos a analisar os fluxos migratórios actuais. Começam com Cabo Verde, a pequena nação que tem tantos nacionais dentro como fora e onde quase toda a gente tem um parente próximo a viver no estrangeiro. O artigo é bem geral: fala-se do drama das familias partidas, das politicas restritivas dos países de destino, das ilegalidades nos processos de saída e das vigarices em que incorrem aqueles que saem.

Vale a pena ler!


An estimated 200 million people live outside the country of their birth, and they help support a swath of the developing world as big if not bigger. Migrants sent home about $300 billion last year — nearly three times the world’s foreign aid budgets combined. Those sums are building houses, educating children and seeding small businesses, and they have made migration central to discussions about how to help the global poor. A leading academic text calls this the “Age of Migration.”
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* Border Crossings

23 junho, 2007

Palavras lidas # 22


Minha doce Princesa,

É Dezembro em Paris. Era já Dezembro quando parti de Luanda deixando para trás o esplendor do teu olhar. Há-de ainda ser Dezembro depois que terminar o mês, e a seguir virá Dezembro e o Inverno, e novamente Dezembro e sempre assim, até que de novo eu retorne à Estação do Sol, que é em toda a parte todo o instante que o teu olhar ilumina. (...)

22 junho, 2007

Ditto #36

Beauty is in the eye of the beholder and it may be necessary from time to time to give a stupid or misinformed beholder a black eye.

-- Miss Piggy

Espantos #40

Sempre ouvi dizer que 21 de Junho era o dia mais longo do ano... imprecisão: apenas o é no hemisfério norte.

21 junho, 2007

Numa sala* perto de mim # 30

O diálogo que ficou:

Mother superior He has told me you should leave but he said you wouldn't.
Mrs. Fane I wouldn't want to leave you alone.
Mother superior You wouldn't want to leave him alone either.
Mrs. Fane It's my duty.
Mother superior Your duty is to wash your hands when they are dirty.

Fez-me pensar... o que é um dever? Muitas coisas certamente, mas muitas outras que consideramos deveres certamente não o são.

* Mais concretamente no avião... não vi em HD como tive oportunidade há umas semanas, mas ainda assim gostei muito ;-)

Eleições Americanas '08



ONE vote '08... uma campanha que vale a pena!

19 junho, 2007

61 minutos


de debate entre sete dos cabeças de lista às eleições intercalares de Lisboa e parece-me que só Helena Roseta tem os pés assentes na terra ...

Espantos #39

A exposição do Corpo Humano no Palácio dos Condes do Restelo é um espanto!

18 junho, 2007

Ficava tão bem lá em casa # 27


Jackson Pollock, Number 1, 1950 (Lavender Mist)

17 junho, 2007

Parece que estou a ouvir # 24

16 Junho 2007 -- Ney Matogrosso no Coliseu de Lisboa
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Bamboleô

Bamboleô, bamboleá
A vida eu levo cantando
Pra não chorar

Todos se queixam da sorte
Quase sempre reclamando
Mas eu que conheço a escrita
Deixo tudo e vou girando
Todo mundo vive triste
Fala, fala, o dia inteiro
O mal de toda essa gente
É a falta de dinheiro


Bamboleô, bamboleá
A vida eu levo cantando
Pra não chorar

Neste mundo de ilusão
Só não goza quem não quer
Pois a vida só consiste
No dinheiro e na mulher
Tudo passa nessa vida
Nada fica pra semente
Não se matando a tristeza
A tristeza mata a gente


Bamboleô, bamboleá
A vida eu levo cantando
Pra não chorar

(por Ney Matogrosso)

15 junho, 2007

Espantos #38

Este sábado nada-se a maratona de 46 kms à volta de Manhattan ;-)

14 junho, 2007

Chuva

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

Alberto Caeiro

13 junho, 2007

Ditto #35

"Anger, if not restrained, is frequently more hurtful to us than the injury that provokes it."

-- Seneca

10 junho, 2007

Em dia de Portugal

VII. Ocidente

Com duas mãos --o Acto e o Destino--
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o fecho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.


Fernando Pessoa, A Mensagem

08 junho, 2007

Pedaços do Porto #1

Hic natus est… inclytus Henricus Joannis I filius…
da Ribeira vê-se…
rabelo & D. Luis
Vinho do Porto, vinho de Portugal…

mesmo ao lado da estação de S. Bento
Palavras para quê?

07 junho, 2007

Numa sala perto de mim # 29

Ocean's 13 já está nos cinemas.

04 junho, 2007

Num país a fingir #13


Perante a intenção do Governo em alterar a Lei para prever a suspensão obrigatória dos mandatos dos autarcas contra os quais haja sido deduzida acusação, em vez de se discutir a medida discute-se o âmbito de aplicação... "porquê eu, porquê eu?!"

03 junho, 2007

Parece que estou a ouvir # 23


Avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie le visage et l'on oublie la voix
le cœur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
l'autre qu'on devinait au détour d'un regard
entre les mots, entre les lignes et sous le fard
d'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
avec le temps tout s'évanouit

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
à la gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
le samedi soir quand la tendresse s'en va tout' seule

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
l'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
avec le temps, va, tout va bien

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie les passions et l'on oublie les voix
qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
et l'on se sent floué par les années perdues- alors vraiment
avec le temps on n'aime plus

Léo Ferré