31 janeiro, 2010

No Times de hoje #111

Two articles strike (and depress) me as I read today's New York Times, for the similarities they share -- people living in dire conditions -- and the differences they do not -- urgent international reaction, or just indifference and unawareness.
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As the rescue of living people in Port-au-Prince comes to an end, the international humanitarian agencies on the ground see newborns as a sign of hope in a chaotic society where the infrastructure is leveled to the ground together with the dead. Haiti is however the country with the highest infant and maternal mortality rates in the western hemisphere, a fact even before January 12. Not a good omen for the roughly 7,000 babies expected to start their lives in Haiti's affected areas in the coming month. Nor for their mothers.
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Nicholas Kristof's article is on yet another ignored world's scar. The civil war in Eastern Congo is the deadliest conflict since WWII. It has claimed at least 30 as many lives as Haiti's earthquake. I have never been to Congo, so I don't really know the reality in the field, but it seems to me that many of these African conflicts have gone way beyond the straight matter of fact killing of minorities that you so often (unfortunately) observe in other parts of the world. It's the sophisticated and macabre aspect of the article's details that lays beyond my understanding abilities. In any case, the article made me feel grateful for everything I have and hardly ever value, and made me also think of people who go the extra mile so that this information is published in the New York Times. If the world still decides to ignore it, then... I lack the words.

Parece que estou a ouvir # 94



Subi mais de 1800 colinas
Não vi nem a sombra
De quem eu desejo encontrar
Ó Deus eu preciso encontrar meu amor,
Pra matar a saudade que quer me matar

30 janeiro, 2010

Palavras lidas #112

FAZ-ME O FAVOR de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor! --
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Quando do espelho se vê.

Mário Cesariny (1923-2006)
O Virgem Negra

Numa sala perto de mim #121

Up in the Air (2009), is not the typical Clooney movie. Touching, yet disconcerting.

29 janeiro, 2010

Retirado do contexto #111

É em dias como este que eu me sinto muito bem!

28 janeiro, 2010

Music...


Young Woman Playing a Hapsichord, 1659, Jan Steen

How oft, when thou, my music, music play'st,
Upon that blessed wood whose motion sounds
With thy sweet fingers, when thou gently sway'st
The wiry concord that mine ear confounds,
Do I envy those jacks that nimble leap
To kiss the tender inward of thy hand,
Whilst my poor lips, which should that harvest reap,
At the wood's boldness by thee blushing stand!
To be so tickled, they would change their state
And situation with those dancing chips,
O'er whom thy fingers walk with gentle gait,
Making dead wood more blest than living lips.
Since saucy jacks so happy are in this,
Give them thy fingers, me thy lips to kiss.

William Shakespeare, Sonnet CXXVIII
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(com uma ajuda)

27 janeiro, 2010

Foi neste dia #127 (1945)

Faz hoje 65 anos que foram encerrados os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau. Vale a pena ler mais aqui.

Palavras lidas #111

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava minguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

p. 79

Parece que estou a ouvir # 93


Como os nossos pais

Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

Español #7

matar dois coelhos com uma cajadada =
= matar dos pajaros con el mismo tiro =
= faire d'une pierre deux coups

Ditto #141

A vaidade é a confiança no efeito do nosso valor, o orgulho é a confiança de que temos valor.

--Fernando Pessoa, Aforismos e Afins

26 janeiro, 2010

Español #6

Na aula de espanhol de ontem aprendemos as partes do corpo. Entre outras, ficámos a saber que codo é cotovelo. O mais engraçado não foram as partes do corpo que aprendemos, mas as novas expressões.


empinar el codo
= es un borrachin, beber mucho
hincar los codos = estudiar mucho
estar codo com codo = estar muy cerca

25 janeiro, 2010

Palavras lidas #110

If honor and wisdom and happiness are not for me, let them be for others. May heaven exist, though my place may be in hell (p. 86).

"The Library of Babel," pp. 79-88

24 janeiro, 2010

Numa sala perto de mim #120

Scenes from a marriage (1973) by Ingmar Bergman. Very much worth to watch, but let me put it this way, you don't walk out of the theater with a sudden urge to get married. As the movie went on, I realized that the characters seemed somewhat familiar... indeed they are the same of Saraband (2003), which I truly enjoyed some time back.

23 janeiro, 2010

Pormenores #48

Em Aix-en-Provence. Descubra as semelhanças.






Pormenores #47

Almoço em Montpellier

22 janeiro, 2010

Palavras lidas #109

A Li Tai Po

Há três noites seguidas que sonho contigo.
Estavas à minha porta
e passavas a mão pelos cabelos brancos,
como se uma grande dor te alanceasse a alma.

Depois de dez mil, cem mil outonos,
não terás outro prémio senão, inútil,
o da imortalidade.

Tu Fu (712-770)
in Mesa de Amigos

21 janeiro, 2010

Pedaços de Aix-en-Provence

Aix tem:

belas igrejas por fora

e por dentro,

prédios antigos com grandes portas

muitas fontes em praças de outro tempo

imensas lojas bem no centro antigo da vila, como um centro comercial a céu aberto em prédios do século XIV

a verdadeira L'Ocitane en Provence... ofensa seria não comprar lá nada :-)

mercados, dizem, todos os dias do ano.

20 janeiro, 2010

Caprichos #125

Aujourd'hui mon chocolat chaude est venu avec un calisson!

Coisas que não mudam #116

Respostas de tipo asiático.

A Coreia do Sul tem uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo. O governo Sul-Coreano empenhou-se em relançar a natalidade no país com políticas family-friendly. Primeira medida: criar um dia por mês (a terceira quarta feira) em que os funcionarios públicos são mandados para casa mais cedo... às 7 da tarde.

Pedaços de São Paulo

O Rio pode ter-me ficado na cabeça, mas São Paulo ficou-me no coração... meio sem explicação, como acontece com tantas coisas de que gosto. Abaixo ficam alguns pedaços da cidade e a letra da linda Sampa.
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São Paulo tem:

o mítico cruzamento das avenidas Ipiranga e São João... dificílimo de fotografar de carro. À terceira foi de vez ;-)

prédios altos

raras igrejas

calçada portuguesa

a movimentada avenida Paulista


o MASP

exposições livres em espaço aberto.
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Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui
Eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto
O que vi de mau gosto, mau gosto
É que narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Por que és o avesso do avesso do avesso do avesso.

Do povo oprimido nas filas
Nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue
E destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas teus deuses da chuva

Pan Américas de Áfricas Utópicas
Do mundo do samba mais possível novo Kilombo de Zumbi
Que os novos baianos passeiam na tua garoa
Que novos baianos te podem curtir numa boa.

19 janeiro, 2010

Espantos #234

As costas da minha cadeira, hoje, nos arquivos.

Caprichos #124

Calissons d'Aix... une spécialité vraiment aixoise. Très bon!

Foi neste dia #126 (1839)

A Modern Olympia, Cézanne, c. 1873-4

Que nasceu Paul Cézanne, em Aix-en-Provence!

18 janeiro, 2010

Coisas que não mudam #115

Ontem, na longa viagem de comboio desde Barcelona até Aix-en-Provence, li metade da minha mais útil prenda de natal: uma tentativa desesperada de acordar o francês que dorme nalguma parte recondita do meu cérebro. Fiquei animada! Não que tenha "aprendido" algo de radicalmente novo, uma vez que apenas recordei expressões e palavras. Mas, em teoria, já poderia contar, dizer os dias da semana e as horas, pedir comida num restaurante, marcar viagens e reuniões, pedir e dar direcções, viajar em transportes públicos, ir às compras e reclamar em hoteis ou lojas.

Se eu pensar suficientemente naquilo que quero dizer até me consigo recordar da ordem correcta das palavras para construir uma frase... com tempo vai!

Hoje, embrominei-me toda para dizer o que queria nas lojas, para pedir comida no restaurante, para comunicar no hotel e para pedir informações nos arquivos. Ao verem que eu tentava falar francês, mas frustradamente sorria enquanto parava de falar para procurar as palavras certas (e mais ainda, por vezes soltava pero, si ou gracias), os interlocutores com pena de mim e perguntavam speak english? E lá me fui desenvencilhando... estou toda baralhada!

Espantos #233

Encontraram-se os dois Josés à esquina: o Italiano (Verde) e o Francês (Vila Velha!!).

16 janeiro, 2010

Retirado do contexto #110

Aix... it was about time!

Ditto #140


You must not think me necessarily foolish because I am facetious, nor will I consider you wise because you are grave.


--Sydney Smith

15 janeiro, 2010

Numa sala perto de mim #119

Sherlock Holmes [to Watson] Never theorize before you have data. Invariably, you end up twisting facts to suit theories, instead of theories to suit facts.

Parece que estou a ouvir #92

Enseada do Botafogo, Rio de Janeiro, 2009.12.29

Vide Gal
Marisa Monte

Rio, rio, rio
Rio p'ra não chorar
P'ra quem não sabe sou rio
A cantar


Sou do Flamengo
Sou ali em Botafogo
Sou da casquinha do ovo
E essas flores
Na Rocinha vou plantar
Quem olha minha barraca
No morro de Santa Marta
Quer morar

Se tenho fome
Como logo o Pão de Açúcar
Urro no topo da Urca
Se quero abraço
Tenho o Cristo p'ra abraçar
Tamborim p'ra ti tarol
Escolados pelo sol
Rio e morro de amar

Rio, rio, rio
Rio p'ra não chorar
Pra quem não sabe sou Rio
A cantar

14 janeiro, 2010

Palavras lidas #108

Alta noite, os planetas argentados
Deslizam um olhar macio e vago
Nos seus olhos de pranto marejados
E nas águas mansíssimas do lago.

Pudesse eu ser a lua, a lua terna,
E faria que a noite fosse eterna!

Cesário Verde (1855-1886)